SÃO JORGE NO SINCRETISMO OGUM
OGUM... OGUNHÊ! PATACORI OGUM!
Ogum é o orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, briga, batalha. É o deus guerreiro, senhor do ferro e da metalurgia, protetor dos ferreiros, agricultores, carpinteiros, escultores, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos e todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais. Ogum é a força incontrolável e dominadora do choque e do movimento.
Patriarca dos exércitos, dono das armas. Ogum é o poder do sangue que corre nas veias. É o orixá da manutenção da vida.
Seu caráter imbatível combina com as disputas militares. Ogum é um líder nato. Nas situações mais difíceis é Ogum quem vai na frente. Ogum insiste onde todos já desistiram, não há dificuldade que Ogum não enfrente com bravura e galhardia. Ogum é um conquistador e com seu caráter devastador se fez temido e respeitado em toda África negra. Muitos foram os reinos que se renderam ao poder militar de Ogum e um de seus oriquis, revela o seu poder e o medo que despertava.
Assim como Exu, Ogum está presente no calor e no movimento. É encontrado nas batalhas, brigas e empurrões. É um orixá, uma força da natureza que se faz presente nos momentos de impacto tais como o choque entre objetos de metal, nas colisões, no estrondo de algo pesado caindo no chão. Seu encanto está na explosão, no derramamento do ferro fundido.
A justiça é também um dos atributos de Ogum. Ogum não tolera a mentira. Jurar por Ogum, tocando com a língua a ponta de uma faca ou de outro instrumento de metal, é um compromisso solene que nenhum mentiroso ousaria assumir.
Considerado como um orixá impiedoso e cruel, ele pode até passar essa imagem, mas sabe ser dócil e amável.
Nos cultos afrodescendentes, é considerado o grande general, marechal de todas as lutas, o grande guardião, pai rígido e severo, mas apaixonado e compreensível. Seus oriquis demonstram o quanto Ogum é temido, mas também revelam que é um protetor muito dedicado. Ogum ampara seus filhos e sua violência nunca é gratuita.
No dia-a-dia encontramos Ogum nos estaleiros, nas oficinas de lanternagem, nos ferreiros, nos quartéis, no disparo de uma arma, no ato de se afiar uma lâmina, no trabalho com um serrote, no choque do martelo fincando um prego na parede, no despertar de um relógio, num grito de raiva e na dor aguda. A faca que penetra na carne, a bala que fura a carne, faz o encantamento da força da natureza, Ogum que é o orixá do impacto, da detonação.
O sangue que corre em nosso corpo é um fenômeno regido por Ogum. A vida manutenção da vida de um ser é regência de Ogum. Orixá da defesa e da guerra, ele pode até evitar a briga, mas gosta de lutar e é imbatível.
Ogum é a viagem, a estrada longa, é o veículo. Ogum é a jornada, a empreitada, a luta do dia-a-dia. É a estrada de ferro, o impacto do trem nos trilhos. Ele é o próprio trem…ele é o próprio trilho. Ogum é a franqueza, a decisão, a convicção, a certeza, o fato consumado, as vias-de-fato. É o empilhamento de metais, a bateria que gera a energia, a pilha; é a própria energia, vibrante, incontrolável, devastador. Ogum é a vida em sua plenitude.
Está presente nas construções, nas edificações. Ogum é a muralha, o obstáculo difícil de ser vencido. É o amianto, o aço, o ferro, a bauxita, o manganês, o carvão mineral, a prata, o ouro maciço, o diamante em estado bruto. Ele é a lapidação, o aparelho cirúrgico. É o ato de cortar, morder, devorar sem piedade.
Ogum é conhecido como aquele que soube conquistar com bravura. É o arquétipo do herói. Nas batalhas que comandou, matou muita gente, mas também matou a fome de muita gente, por isto antes de ser temido, Ogum é amado. Ogum é o orixá do progresso, do avanço tecnológico. Aquele que saiu da imensidão das florestas, descobriu o uso dos metais, inventou a metalurgia e guiou o homem em direção à modernidade. É Ogum quem abre os caminhos, as estradas. Ogum é o deus da tecnologia, de tudo aquilo que for avançado para o seu tempo. Ogum renova-se a todo instante e atravessa os séculos trazendo progresso.