O Batuque é uma tradição de matriz africana que surgiu no Rio Grande do Sul em meados de 1820-1830. É a hibridização (BHABHA) de vários cultos à divindades africanas que só se tornou possível graças a unidade teológica e filosófica desses povos. Essa tradição, sob o ponto de vista das relações de poder, se constituiu como forma dos escravizados se irmanarem diante da opressão do sistema escravista.
O fato de ter surgido nas senzalas muitas vezes faz confundir o vivenciador dessa tradição. O racismo é a ideologia dominante em nosso estado e, por isso, acaba infectando até mesmo os vivenciadores. Desta forma creem que o Batuque é uma tradição construída por analfabetos, primitivos, ignorantes. O que, logicamente, é um equívoco. os negros eram sim apedeutas na cultura branca que os dominava e legitimava sua dominação atribuindo aos negros este caráter. Contudo eram pós-doutores em sua própria cultura.
Historicamente esta tradição se proliferou entre os pobres e iletrados do sistema educativo brasileiro, ocasionando uma ideia, errônea saliento, de naturalidade e até de busca de um ideal, muitas vezes até rechaçando o estudo. Assim, os batuqueiros de hoje que não estudam, se arvoram em desqualificar os batuqueiros que estudam a sua tradição.
Há um crescendo na escolaridade do Batuqueiro (Censo IBGE 2010) e muitos de nós já estão no ensino superior. Como a maioria dos batuqueiros tem baixa escolaridade, ainda têm um certo poder de persuasão neste sentido. Mas e quando forem minoria, como vão fazer?
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