quinta-feira, 3 de abril de 2014

objetivos construídos pelos coletivos de Matriz Africana e de Terreiro na Cúpula dos Povos / Rio+20, entre os dias 15 a 23 de junho de 2012, no Rio de Janeiro,

Povos das Florestas, dos Povos Ciganos, das Comunidades Quilombolas, das Comunidades Ribeirinhas, diversas Entidades Estaduais, com correlação ao tema que as mesmas assinam este documento.

A I Semana de Ecologia, Cultura e Cidadania dos Povos Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiro na Cúpula dos Povos / Rio+20 nasce da necessidade de se aprofundar os debates realizados durante o ano em diversas instâncias da sociedade civil e governamental, em vários territórios, municípios, estados, com uma programação autônoma, de formação, de convergência e coletividade, ao qual construímos esta carta política, propositiva e de reflexão social. Sobre os objetivos construídos pelos coletivos
de Matriz Africana e de Terreiro na Cúpula dos Povos / Rio+20, entre os dias 15 a 23 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, Lideranças dTERRITÓRIO ÉTNICO E CULTURA COMO BEM COMUM                

Reunidos na I Semana de Ecologia, Cultura e Cidadania dos Povos Tradicionais dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas e/ou de Terreiro, dos Povos das que pensam e realizam a Cúpula dos Povos estes foram conscensuados dentre nossas atividades.
              Marcar um posicionamento frente à pauta da conferência oficial Rio+20: crítico à economia verde, no marco das falsas soluções, e ao debate insuficiente sobre governança global;
              Visibilizar as lutas dos povos frente ao modelo existente e suas formas de exploração a nível global, em particular no Brasil e na América Latina, e ao mesmo tempo estreitar os laços de solidariedade e fortalecer os atores sociais nos espaços simbólicos de luta popular no Rio de Janeiro e no Brasil;
              Apresentar propostas teóricas e práticas, às soluções dos povos que já estão em construção frente às crises sistêmicas;
              Acumular forças para o pós-Rio+20, recompor pautas de luta dos movimentos no marco político da luta anticapitalista, expressando a luta de classes, antirracista, antipatriarcal, anti-homofóbica, intolerância religiosa, contra a mercantilização da vida e da natureza, em defesa dos bens comuns, contra a ofensiva do capital nos territórios e contra a perda dos direitos;
              Produzir agenda comum de lutas mundiais e posições convergentes, construídas a partir do que os movimentos sociais e organizações da sociedade civil trazem de acúmulo e processos em curso, que se traduzem durante o processo de preparação da Cúpula dos Povos e durante a Cúpula.

Desta formar dialogando com os eixos construídos pelos coletivos que pensam e realizam a Cúpula dos Povos os Povos Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiro apresentam estas resoluções:
Para refletir sobre as causas estruturantes das crises e injustiças sociais e ambientais se faz necessário refletirmos sobre alguns processos históricos primeiramente a invasão da África e da América, as quais foram concebidas no enfrentamento a civilizações que não tinham no ser humano o centro do cosmo sim na natureza, levando um período de extrema violência à natureza, ao ser humano e aos demais seres vivos, este processo que levou ao maior sequestro e a maior dizimação de seres humanos em toda a existência.

Processo que foi impulsionador da globalização dos princípios do capitalismo como a propagação da propriedade privada, processo piramidal de organização da sociedade o que leva as atuais crises mundiais.
Mas não basta ressaltarmos os motivos de tais crises é necessários dizer quais são as falsas soluções que as transformam em problemas crônico da atual sociedade.

Não é possível pensarmos em resolver as injustiças sociais e ambientais se continuarmos a nos relacionarmos com o meio e com os demais seres humanos em uma relação de consumo e de depreciação dos homens e das mulheres e dos seus territórios.

Se continuarmos em uma falsa democracia que dialoga em cima de princípios racistas, homofóbicos, lesbofóbicos e intolerantes. Para haver resutivilidade necessitamos de democracia plena que entenda os princípios de equidade e igualdade que propicie o respeito a todos os povos e suas culturas.

Nos tempos modernos se faz uma nova forma de opressão sobre os povos tradicionais de matriz africana e de terreiro a da mídia que vem marginalizando e folclorizando as culturas tradicionais, a da omissão dos governos que vem negando reparações a estes povos e a velhas formas de opressão, violência e ignorância por parte dos estados e instituições privadas religiosas.

1)     Soluções reais e novos paradigmas dos povos:
A única solução para tais problemas é realmente, avalizar ao fim do capitalismo e reverenciar os processos civilizatórios dos povos tradicionais os promovendo-nos como protagonistas da reconstrução dos processos políticos no mundo.
Não desenvolvimento ou preservação, não existe melhoras para o capitalismo, necessitamos interpenetrar com a natureza para tanto só os povos tradicionais detêm estes valores, são estes o da circularidade da coletividade e do respeito ao indivíduo.
Coletivo não são os seres humanos, mas todo o cosmo, toda a natureza.
Em quanto não garantimos a territorialização destes povos, de forma integral onde todos os sistemas públicos se correlacionem e carreguem os princípios destes povos e que permitam o acesso e protagonismo dos povos tradicionais em suas instancias.

2)     Agendas, campanhas e mobilizações que unificam o processo da luta anticapitalista após a Rio +20.
No enfrentamento ao capitalismo só a radicalidade, disciplina e coletividade são armas que o atinge para tanto os povos tradicionais de matriz África vem garantindo a manutenção do meio e hoje se faz necessário correlacionarmos nossas ações através da manutenção constate da mobilização, comunicação e convergência.

3.            Garantir como Ferramenta de Controle Social a Criação em regime de urgência um Grupo de Trabalho Interministerial, composto por Representantes da Comissão Nacional de Povos Tradicionais de Terreiro, contemplando as cinco Regiões do País e Distrito Federal, para o planejamento e acompanhamento das políticas públicas referentes às Comunidades Tradicionais de Terreiro, tendo como referência o Artigo 5º da Constituição deste País, nos seus Incisos de 1 a 7, que garantem a liberdade de credo, culto e liturgia, assim como a laicidade do Estado Brasileiro:

Dentro deste contexto estabelecemos algumas diretrizes norteadoras da conjuntura do Povo de Terreiro:

1.            Combater as intolerâncias, garantir a liberdade de expressão, exercer a democracia no direito da fé de todos os povos, respeitarem as manifestações religiosas e suas tradições, contribuem para o desenvolvimento de todas as nações.

2.            Ampliar o acesso à alimentação adequada e saudável, articulando gastos públicos, com aquisição de alimentos da agricultura familiar dos povos e comunidades tradicionais, quilombolas.

3.            Eleger a Educação e Cultura, como fator determinante da Segurança Alimentar como instrumento de transformação para a sociedade.

4.            Fomentar a saúde e nutrição com a integração a serviços relacionados.

5.            Enfrentar as desigualdades socioeconômicas, étnico raciais e gênero na condição de saúde, em quanto qualidade de vida e não somente com a ausência da doença.

6.            Alimentação e nutrição como mote norteador ao acesso ás políticas de Segurança Alimentar e Nutricional fortalecendo com ampla participação o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, na erradicação da pobreza extrema.

7.            Produzir mecanismos de formação permanente para o conhecimento de suas culturas, afirmando a auto-organização dos Povos Tradicionais com seus costumes e modo de viver próprio, sinalizando um novo modelo civilizatório.

8.            Discutir que, como os indígenas, estes povos tradicionais sobrevivem e lutam pela conservação de seus ambientes, enquanto mantenedores da natureza somados ao seu lado místico, no cuidado com matas, mares, rios, cascatas, pedreiras e outros; ecologista com seu saber natural e ancestral, através da oralidade, que se somado ao saber tecnológico contribui para a prevenção e conservação do ambiente da humanidade.

9.            Garantir a moradia na modernidade como espaço de auto-sustentabilidade considerando para seu modo de vida permanente de geração em geração.

10.         Desenvolvimento é discutir territórios, saneamento básico, mobilidade urbana, sustentabilidade está dentro do território.

11.         Combate ao racismo ambiental e institucional que se faz presente nas mais diversas esferas governamentais, permitindo desta forma a inserção dos Povos Tradicionais em programas de assentamento rural e urbano, assim como nos em terras desapropriadas que sejam objeto de reforma agrária, com a implementação de cotas de participação destas comunidades em programas que tratem do ordenamento territorial;

12.         Fomentar parcerias com Povos tradicionais em programas de preservação ambiental, produção de alimentos orgânicos e projetos de produção sustentável, com destinação de áreas rurais para produção dos alimentos além da criação de animais.

13.         Instituir uma política de Garantia para regularização, proteção e respeito aos Territórios Sagrados (casas, terreiros, rios, matas, encruzas, mangues,, florestas, praias, etc.), lugares de templos de expressão da religiosidade do Povo de Matriz Africana e de Terreiro, determinantes para a sustentabilidade física, ambiental e ecológica dos direitos dos Povos.

  A Rio+20 com o diálogo Desenvolvimento Sustentável ergue nossas bandeiras de luta. Uma análise de conjuntura de cotidiano real do povo de terreiros, com os avanços já conquistados impõe uma avaliação profunda nas proposições do coletivo que está intrínseca no Desenvolvimento Sustentável de ¼ da população brasileira que se auto indica Povo de Terreiro.

Território Étnico para o Povo de Terreiro e Matriz Africana é Prioridade!
Um mundo com tolerância é possível, com respeito, igualdade e justiça social.


MARCOS LEGAIS:
Convenção 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais - 2003
Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões
Culturais - UNESCO/2005
Portaria nº 28 de 12 de agosto de 2011, Publicada no DOU de 16/08/11:
Cria a Comissão de Organização da Oficina de Elaboração de Políticas
Públicas de Cultura para Povos Tradicionais de Terreiros; Alterada pela.
Portaria nº 51 de 11 de novembro de 2011
Decreto 6040, de 07 de fevereiro de 2007.
I e II Conferência Nacional de Cultura – 2005 e 2010
Plano Nacional de Cultura – 2010
Plano Setorial de Culturas Populares - 2010
Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial.
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) - 2010
Metas do Plano Nacional de Cultura – 2011
II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CONAPIR

4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional