Foi entrevistado neste sábado 06/10/2012,
o Alabê Rodigo de Xangô,
onde abordamos o tema
Ser um Alabê
Muitas pessoas, desde o mais leigo simpatizante da Religião
Afro-Umbandista, até os mais antigos e experientes Babalorixás, Yalorixás e
Chefes de Terreiro, costumam tratar de uma forma generalizada ao Alabê como
Tamboreiro ou Vice-Versa. Há
tempos que debato com várias pessoas o fato de que tal equívoco ou costume vem
a cada dia acontecendo com mais e mais freqüência dentro da Religião, e para
minha surpresa, e nem tanta assim, observei que alguns nem sabiam a grande
diferença existente
entre as duas “funções”, como assim inicialmente trataremos. Na verdade, em inúmeras vezes que eu
abordei o assunto, insisti em dizer que a “função” de Alabê não se resume em
apenas tocar o Ilú (tambor), mas sim, ter um conhecimento do fundamento que é
necessário para desempenhar a mesma.Outra coisa muito importante é se enfatizar
que o Alabê pertence somente a Nação, ou Batuque como popularmente é conhecido,
além do que é necessário, no mínimo, o apronte de Orí (cabeça) daquele que esta
sendo feito como Alabê, por isso é que jamais poderemos ter um Alabê de Umbanda
ou Quimbanda. Não basta para ser um Alabê, apenas saber tocar e cantar algumas
rezas.Será que pode uma pessoa ser considerada um Babalorixá ou Yalorixá sem
ter todos os devidos assentamentos, o Axé de Obé e de Ifás? Como podem ser
coroados caciques na Umbanda sem terem todos os cruzamentos que se fazem
necessários? A feitura de um Alabê é exatamente igual, ou seja, além de tocar o
Ilú, saber as rezas do início e do fim (Nação e Arissun), é também necessário
ter o apronte de Orí e o recebimento do próprio Axé de Alabê.
Pela feitura que temos, reafirmo a todos Irmãos, simpatizantes e
leitores que não se faz um Alabê do dia para a noite e é por esta mesma feitura
que nós Alabês jamais faremos algo que agrida aos nossos fundamentos, como
tocar Ebós para os Orixás de sapatos, tênis ou assemelhados, vestindo
bermudas ou até mesmo tirar o Alujá da Iansã e do Xangô para que “Exús” e
“Pomba-Giras” desfrutem de um ritual que não os pertencem, de modo que os mais
novos e os leigos pensem estar se realizando um ritual totalmente correto e
normal.
Sempre que tocamos, seja para a Nação, Umbanda ou Quimbanda, temos
o dever de saber da responsabilidade que estamos ali assumindo e que a partir
de nossas mãos podemos trazer ao nosso mundo desde Exús a Orixás e que nossos
erros e acertos poderão refletir nas pessoas que ali estão. Por isso além de
conhecimento, são imprescindíveis o respeito, a humildade e o amor naquilo que
se faz.
Poderíamos classificar o Alabê ou o Tamboreiro uma “função” dentro
da Religião, o que na verdade não está muito distante do lógico, mas prefiro
dizer em se tratar de um dom ou simplesmente o destino de cada um de nós. Mas
mesmo assim, seja função ou destino, as diferenças existem.
Um bom axé a todos...