Riad, 25 out,2012 (EFE).- Mais de dois milhões de muçulmanos realizam nesta quinta-feira o grande dia do "hajj", a peregrinação anual à cidade santa saudita de Meca, com a subida ao Monte Arafat, onde o profeta Maomé pronunciou seu último sermão há 14 séculos. Sob um intenso sol, os fiéis, muitos deles com sombrinhas, subiram o monte, conhecido também como "Jabal Al Tauba" (monte de arrependimento), para expiar seus pecados em um ritual que simboliza o dia do juízo final. Nesse local, os fiéis, vestidos com o "ihram", um traje de duas peças de tecido branco sem costuras, terão que permanecer desde o amanhecer até o pôr do sol e repetir várias vezes a invocação "Labbayk Allahuma Labbayk" (Aqui estou, oh senhor). Em seu tradicional discurso nesse monte, o mufti da Arábia Saudita, xeque Abdel Aziz al Sheikh, considerou que têm uma "vida miserável de animais" aqueles que se regem pela lei civil e não pela lei islâmica ou "sharia". Para a máxima autoridade religiosa do país, a "sharia" não pode ser criticada ou substituída por nenhum outro tipo de lei, já que sua aplicação é uma das "condições da fé", garante a unidade islâmica e organiza "todos os âmbitos da vida". Por isso, o mufti denunciou que alguns grupos de pessoas, sob os princípios da liberdade de opinião e pensamento, "estão tentando prejudicar a religião (islâmica) com justificações falsas e atacando seus princípios". Sheikh advertiu os fiéis contra qualquer tentativa de utilizar slogans que não sejam adequados ao objetivo de "invocar somente a Deus" que tem a peregrinação, entre cujos valores figuram a tolerância, a irmandade, a justiça, o amor e a humildade, segundo ele. Após ter passado a noite no vale de Mina, os fiéis, procedentes de 189 países do mundo, foram ao Monte Arafat, em uma área a cerca de 19 quilômetros a leste de Meca, para realizar o ritual mais importante da peregrinação, já que serve para expiar os pecados e simboliza o dia do juízo final. No meio dessa atmosfera simbólica, uma peregrina paquistanesa deu à luz ontem à noite gêmeas às quais chamou de "Safa" e "Marwah", os nomes de duas montanhas consideradas santas para os muçulmanos e entre as quais se movimentam durante a pequena e a grande peregrinação. O "hajj" é um dos cinco pilares do Islã (os outros são a profissão de fé, a esmola, o jejum no mês do Ramadã e a oração) que todo muçulmano deve cumprir pelo menos uma vez na vida, se dispor de meios econômicos e gozar de saúde. Como todo ano, as autoridades sauditas reforçaram as medidas de segurança para evitar que aconteçam incidentes e, nesse sentido, desdobraram 2.100 agentes da Defesa Civil, enquanto os peregrinos subiam o Monte Arafat. Para facilitar o trajeto, foram habilitados 20 mil veículos e o chamado trem "Mashaer". Além disso, observadores da Defesa Civil visitaram as tendas de campanha dos fiéis para comprovar que não estavam usando bujões de gás, como medida de prevenção contra os incêndios, nem dispunham de nada que pudesse prejudicar o cumprimento das tradições muçulmanas. Por sua vez, as forças de segurança sauditas usaram aviões para vigiar do ar os peregrinos, que permanecerão em Arafat até o pôr do sol, quando deverão ir para a cidade vizinha de Muzdalifah. Será nesse local onde amanhã, terceiro e último dia da peregrinação, os fiéis jogarão pedras contra três colunas que simbolizam as tentações do diabo. EFE sa-hh/ma (foto)
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Mais de 2 milhões de muçulmanos viajam para Meca
Mais de dois milhões de muçulmanos de todo o mundo estão se dirigindo para Meca para dar início aos rituais da peregrinação anual, que, segundo as autoridades sauditas, não deve ser afetada pela instabilidade regional.
Em grupos, muitas vezes conduzidos por guias, com as bandeiras de seus respectivos países impressas em suas vestimentas brancas, os fieis se reúnem na cidade do oeste da Arábia Saudita, proibida aos não-muçulmanos.
Os ritos começam na quarta-feira 24/10/2012, e terminam na quinta-feira 25/10/2012, com a chegada dos peregrinos no Monte Arafat, perto de Meca, na véspera da festa do Fitr.
"Esta é a primeira vez que faço a peregrinação. Mal posso esperar para chegar ao Monte Arafat", seguindo os passos do profeta Maomé, disse Koara Abdel Rahman, um empresário de 32 anos de Burkina Faso.
Mais de 1,6 milhão de peregrinos estrangeiros já chegaram à cidade sagrada do Islã, e devem se juntar aos outros 750.000 fieis vindos do reino.
Na grande Mesquita, que abriga a Caaba, os fieis dormiam profundamente pelos cantos, enquanto outros oravam e liam o Alcorão.
Outros peregrinos, vestindo a túnica branca não obrigatória para os homens, andavam em torno da Caaba, se acotovelando para tocar e beijar a pedra cúbica, cuja origem remonta a Abraão, segundo a tradição muçulmana.
"Eu rezo para Deus para curar todos os muçulmanos doentes", disse uma mulher iraniana, chorando de emoção.
A peregrinação, que todo muçulmano deve realizar pelo menos uma vez em sua vida se tiver os meios, é o maior encontro humano no mundo e representa para as autoridades sauditas um grande desafio logístico.
SEGURANÇA - Em uma coletiva de imprensa sábado à noite, o ministro saudita do Interior, o príncipe Ahmad ben Abdel Aziz, garantiu que o hajj não será afetado este ano pela instabilidade regional.
"Eu não acredito que os peregrinos ou a peregrinação sejam afetados pelo que está acontecendo em outros lugares, seja na Síria ou em outro lugar", disse o ministro.
A agência oficial de notícias SANA indicou em setembro que a Arábia Saudita havia proibido os sírios de participar do hajj, mas o reino negou esta informação.
Os peregrinos sírios eram, no entanto, difíceis de serem encontrados em Meca.
"Eu rezo pelos sírios", afirmou Habiba al-Soumaidi, de 64 anos, vinda da Tunísia, onde se desencadeou a Primavera Árabe, que na Síria se transformou em um conflito sangrento. "Eles devem saber que estamos de coração com eles, e espero que em breve conquistem, assim como nós, a liberdade".
O ministro do Interior também assegurou que o reino não espera que os iranianos causem problemas. "Os iranianos nos asseguraram que eles também estão preocupados com o bem-estar dos peregrinos", disse.
Confrontos entre manifestantes iranianos e as forças sauditas causaram 402 mortes, entre elas a de 275 iranianos, em 1987. Desde então, os peregrinos iranianos se contentam em organizar dentro de seu acampamento sua manifestação anti-americana tradicional.
As autoridades também temem episódios de pisoteios, como o que tirou a vida de 364 peregrinos em 2006, mas nenhum incidente deste tipo aconteceu desde então, graças às obras de expansão dos Lugares Santos realizados pela Arábia Saudita.
As forças de segurança, mobilizadas durante a peregrinação, organizaram um desfile no sábado, durante o qual os membros das Forças de Operações Especiais simularam intervenções com helicópteros.
A disseminação de doenças é outra preocupação das autoridades. Mas o ministro da Saúde saudita, Abdullah al-Rabia assegurou início de outubro que o novo vírus da família dos coronavírus, que matou um saudita, ficou limitado e que não havia risco para os peregrinos.
Em grupos, muitas vezes conduzidos por guias, com as bandeiras de seus respectivos países impressas em suas vestimentas brancas, os fieis se reúnem na cidade do oeste da Arábia Saudita, proibida aos não-muçulmanos.
Os ritos começam na quarta-feira 24/10/2012, e terminam na quinta-feira 25/10/2012, com a chegada dos peregrinos no Monte Arafat, perto de Meca, na véspera da festa do Fitr.
"Esta é a primeira vez que faço a peregrinação. Mal posso esperar para chegar ao Monte Arafat", seguindo os passos do profeta Maomé, disse Koara Abdel Rahman, um empresário de 32 anos de Burkina Faso.
Mais de 1,6 milhão de peregrinos estrangeiros já chegaram à cidade sagrada do Islã, e devem se juntar aos outros 750.000 fieis vindos do reino.
Na grande Mesquita, que abriga a Caaba, os fieis dormiam profundamente pelos cantos, enquanto outros oravam e liam o Alcorão.
Outros peregrinos, vestindo a túnica branca não obrigatória para os homens, andavam em torno da Caaba, se acotovelando para tocar e beijar a pedra cúbica, cuja origem remonta a Abraão, segundo a tradição muçulmana.
"Eu rezo para Deus para curar todos os muçulmanos doentes", disse uma mulher iraniana, chorando de emoção.
A peregrinação, que todo muçulmano deve realizar pelo menos uma vez em sua vida se tiver os meios, é o maior encontro humano no mundo e representa para as autoridades sauditas um grande desafio logístico.
SEGURANÇA - Em uma coletiva de imprensa sábado à noite, o ministro saudita do Interior, o príncipe Ahmad ben Abdel Aziz, garantiu que o hajj não será afetado este ano pela instabilidade regional.
"Eu não acredito que os peregrinos ou a peregrinação sejam afetados pelo que está acontecendo em outros lugares, seja na Síria ou em outro lugar", disse o ministro.
A agência oficial de notícias SANA indicou em setembro que a Arábia Saudita havia proibido os sírios de participar do hajj, mas o reino negou esta informação.
Os peregrinos sírios eram, no entanto, difíceis de serem encontrados em Meca.
"Eu rezo pelos sírios", afirmou Habiba al-Soumaidi, de 64 anos, vinda da Tunísia, onde se desencadeou a Primavera Árabe, que na Síria se transformou em um conflito sangrento. "Eles devem saber que estamos de coração com eles, e espero que em breve conquistem, assim como nós, a liberdade".
O ministro do Interior também assegurou que o reino não espera que os iranianos causem problemas. "Os iranianos nos asseguraram que eles também estão preocupados com o bem-estar dos peregrinos", disse.
Confrontos entre manifestantes iranianos e as forças sauditas causaram 402 mortes, entre elas a de 275 iranianos, em 1987. Desde então, os peregrinos iranianos se contentam em organizar dentro de seu acampamento sua manifestação anti-americana tradicional.
As autoridades também temem episódios de pisoteios, como o que tirou a vida de 364 peregrinos em 2006, mas nenhum incidente deste tipo aconteceu desde então, graças às obras de expansão dos Lugares Santos realizados pela Arábia Saudita.
As forças de segurança, mobilizadas durante a peregrinação, organizaram um desfile no sábado, durante o qual os membros das Forças de Operações Especiais simularam intervenções com helicópteros.
A disseminação de doenças é outra preocupação das autoridades. Mas o ministro da Saúde saudita, Abdullah al-Rabia assegurou início de outubro que o novo vírus da família dos coronavírus, que matou um saudita, ficou limitado e que não havia risco para os peregrinos.
Fonte: AFP
Monte do arrependimento