A água é considerada como purificadora na maioría das religiões, incluindo o Hinduísmo, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Xintoísmo eWicca. O exemplo do baptismo nas igrejas cristãs é praticado com água, simbolizando o nascimento de um novo ser, purificado comremissão dos pecados.
Seguindo um princípio semelhante, noutras religiões, incluíndo o Judaísmo e o Islamismo, é ministrado aos mortos um banho de águapurificada, simbolizando a passagem para a nova vida espiritualeterna. Ainda no Islão, os fiéis apenas podem praticar as cinco orações diárias após a lavagem do corpo com água limpa, no ritual deablução denominado "wudu". No Xintoísmo e na Wicca, a água é usada em quase todos os rituais de limpeza dos praticantes. Na Nova Versão Internacional da Bíblia, o termo "água" é mencionado 442 vezes.
Segundo outras crenças, acredita-se que a água tenha alguns poderes especiais. Na mitologia Celta, Sulis é a deusa das nascentestermais. No Hinduísmo, o rio Ganges é personificado como uma deusa, enquanto que Sarasvati é referida como a deusa dos Vedas. A água é também um dos "tatvas" (5 elementos básicos da natureza hindús, onde se incluem o fogo, a terra, o akasha e o ar). Em outras tradições, deuses e deusas são mencionados como patronos locais de nascentes, rios ou lagos, como no exemplo da mitologia grega eromana, onde Peneus era o deus do rio. Na religião Wicca a água é tida como um dos símbolos da Grande-Deusa, assim como o cálice e o caldeirão.
O antigo filósofo grego Empédocles, defendia que a água era um dos quatro elementos da natureza básicos, em conjunto com o fogo, terra e ar, sendo respeitada como a substância básica do Universo, denominada ylem.
Nas antigas tradições chinesas, a água era um dos cinco elementos, em conjunto com a terra, o fogo, a madeira e o metal.
Nas religiões neopagãs, como é o caso da Wicca também existe a crença na existência de cinco elementos constituintes do Universo, sendo eles: o fogo, o ar, a água e a terra e o akasha(a manifestação da energia divina).
Uso da água na Umbanda
Seguindo um princípio semelhante, noutras religiões, incluíndo o Judaísmo e o Islamismo, é ministrado aos mortos um banho de águapurificada, simbolizando a passagem para a nova vida espiritualeterna. Ainda no Islão, os fiéis apenas podem praticar as cinco orações diárias após a lavagem do corpo com água limpa, no ritual deablução denominado "wudu". No Xintoísmo e na Wicca, a água é usada em quase todos os rituais de limpeza dos praticantes. Na Nova Versão Internacional da Bíblia, o termo "água" é mencionado 442 vezes.
Segundo outras crenças, acredita-se que a água tenha alguns poderes especiais. Na mitologia Celta, Sulis é a deusa das nascentestermais. No Hinduísmo, o rio Ganges é personificado como uma deusa, enquanto que Sarasvati é referida como a deusa dos Vedas. A água é também um dos "tatvas" (5 elementos básicos da natureza hindús, onde se incluem o fogo, a terra, o akasha e o ar). Em outras tradições, deuses e deusas são mencionados como patronos locais de nascentes, rios ou lagos, como no exemplo da mitologia grega eromana, onde Peneus era o deus do rio. Na religião Wicca a água é tida como um dos símbolos da Grande-Deusa, assim como o cálice e o caldeirão.
O antigo filósofo grego Empédocles, defendia que a água era um dos quatro elementos da natureza básicos, em conjunto com o fogo, terra e ar, sendo respeitada como a substância básica do Universo, denominada ylem.
Nas antigas tradições chinesas, a água era um dos cinco elementos, em conjunto com a terra, o fogo, a madeira e o metal.
Nas religiões neopagãs, como é o caso da Wicca também existe a crença na existência de cinco elementos constituintes do Universo, sendo eles: o fogo, o ar, a água e a terra e o akasha(a manifestação da energia divina).
Uso da água na Umbanda
É importante ressaltar a importância da água para o seu humano pois cerca de 3/4 do planeta é coberto de água e o próprio corpo humano possui aproximadamente 87% de água.
Na religião a água é de fundamental importância, pois vários Orixás tem seus pontos de força na natureza em locais onde há água.
Como arsenal veremos nos banhos de amacis, para cozinhar, para lavar as guias, para descarregar os maus fluídos, para o batismo. Dependendo de sua procedência (mares, rios, chuvas e poços), terá um emprego diferente nas obrigações.
A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego.
A água é uma excelente captadora de energias, tanto que normalmente é utilizada em rituais de descarregos, de limpeza, etc. , bem como também é utilizada para captar bons fluídos.
Como um dos principais simbolismos nos banhos, pois é o elemento que deve ser oferecidos a todos os Orixás e pelo seu poder na natureza é considerado o sêmen, a fecundidade do sangue branco feminino.
Deve-se ter certos cuidados com as águas que encontram-se na natureza, pois cada uma tem seu valor e sua utilização.
Conhecemos e fazemos uso em rituais de água de procedência de dez campos sagrados.
Rocha: água detida em saliências nas rochas. Ligada a Xangô - entre suas funções, traz força física, disposição, boa-vontade, sabedoria;
Mar: ligada a Yemanjá - imã de energias negativas, anti-séptico e cicatrizante, fertilidade, calma;
Mina: ligada a Oxum e Nanã - força, vitalidade - é a mais indicada para se utilizar nas quartinhas e em assentamentos de anjo-deguarda;
Mar Doce: encontro de rio e mar. Ligada a Ewá - trato do corpo sentimental, humor, bom senso e independência;
Chuva: ligada a Nana e Oxum – excelente função de limpeza e descarrego;
Cachoeira: ligada a Oxum e Xangô - sentimentos, afeto, força de pensamente, alegria, jovialidade;
Rio: ligada a Oxum (na correnteza) e a Obá (nas margens) - determinação, bons pensamentos;
Poço: ligada a Oxum- resistência, sabedoria;
Lagos e Lagoas: ligada a Nanã- serenidade,resignação;
Orvalho: recolhido das folhas, ao alvorecer do dia. - Ligado a Oxalá - calma, paciência, fecundidade.
A água é símbolo de pureza e fonte de vida, tendo por isso um papel central em várias religiões como o Cristianismo, o Islamismo, o Judaísmo e o Hinduísmo. As limpezas com água são um factor comum, mas cada religião tem as suas particularidades no que toca à utilização da água.
A água tem um papel central em diversas religiões e nas crenças de todo o mundo. Como fonte de vida representa o (re)nascimento. A água lava o corpo e, consequentemente, purifica-o, e estas duas qualidades conferem-lhe um grande simbolismo, ou mesmo um estuto sagrado. A água é, portanto, um elemento-chave em cerimónias e rituais religiosos.
O Cristianismo
A água está intrinsecamente ligada ao baptismo, uma declaração pública de fé e um símbolo de boas-vindas à igreja Cristã. Quando baptizada, uma pessoa é parcial ou totalmente imersa em água que alternativamente pode vertida ou aspergida sobre a sua cabeça. O sacramento tem as suas origens na Bíblia, onde está escrito que Jesus foi baptizado por João Baptista no Rio Jordão. No baptismo, a água simboliza a purificação, a rejeição do pecado original. Por outro lado, no Novo Testamento, a “água viva” ou a “água da vida” representa o espírito de Deus, isto é, a vida eterna.
A água está intrinsecamente ligada ao baptismo, uma declaração pública de fé e um símbolo de boas-vindas à igreja Cristã. Quando baptizada, uma pessoa é parcial ou totalmente imersa em água que alternativamente pode vertida ou aspergida sobre a sua cabeça. O sacramento tem as suas origens na Bíblia, onde está escrito que Jesus foi baptizado por João Baptista no Rio Jordão. No baptismo, a água simboliza a purificação, a rejeição do pecado original. Por outro lado, no Novo Testamento, a “água viva” ou a “água da vida” representa o espírito de Deus, isto é, a vida eterna.
O Judaísmo
Os Judeus usam a água para lavagens rituais com o objectivo de restaurar ou manter um estado de pureza. A lavagem das mãos antes e depois das refeições é obrigatória.
Os Judeus usam a água para lavagens rituais com o objectivo de restaurar ou manter um estado de pureza. A lavagem das mãos antes e depois das refeições é obrigatória.
Por outro lado, é de notar que embora os banhos rituais, ou mikveh, tenham em tempos sido importantes nas comunidades judias, deixaram de o ser; permanecem, no entanto, obrigatórios para os indivíduos convertidos. Os homens realizam o mikveh às 6ªas Feiras ou antes de grandes celebrações, ao passo que as mulheres fazem-no antes do casamento, depois de dar à luz ou antes da menstruação.
Por último, deve referir-se que o primeiro livro da Bíblia, o Génesis, conta a história da Criação e do Dilúvio. Para castigar os humanos pela sua desobediência Deus enviou chuvas torrenciais que duraram quarenta dias e quarenta noites: em segurança na Arca, Noé, a sua família e dois animais de cada espécie foram poupados. O Dilúvio lavou os pecados do mundo de forma que a que este renasceu livre do pecado.
O Hinduísmo
Para os Hindus, a água está imbuída de poderes de purificação espiritual, sendo a limpeza matinal com água uma obrigação diária. Todos os templos se situam perto de uma fonte de água, e os crentes têm de se banhar antes de entrarem no templo. Por outro lado, muitos lugares de peregrinação encontram-se nas margens de um rio, sendo que locais de confluência de dois ou até três rios são considerados particularmente sagrados.
Para os Hindus, a água está imbuída de poderes de purificação espiritual, sendo a limpeza matinal com água uma obrigação diária. Todos os templos se situam perto de uma fonte de água, e os crentes têm de se banhar antes de entrarem no templo. Por outro lado, muitos lugares de peregrinação encontram-se nas margens de um rio, sendo que locais de confluência de dois ou até três rios são considerados particularmente sagrados.
São 7 os rios sagrados, segundo o Hinduísmo: o Ganges, o Godavari, o Kaveri, o Narmada, o Saravasti, o Sindhu e o Yamuna. De acordo com esta religião, os que se banham no Ganges ou deixam parte de si (cabelo, ossos dos defuntos) na margem esquerda deste rio atingirão o Svarga, o paraíso de Indra, o deus das Tempestades.
Por outro lado, é de referir também que os rituais funerários têm lugar junto a rios; o filho do defunto verte água sobre a pira fúnebre em chamas para que a alma não possa escapar e regressar à Terra como um fantasma. Quando o fogo atinge o crânio do defunto, os enlutados banham-se e depois vão para casa. As cinzas são recolhidas três dias depois da cremação, e vários dias mais tarde são deitadas num rio sagrado.
Por último, deve notar-se que o mito do Dilúvio também está presentes em algumas escrituras Hindus, e conta a história de como Manu, o primeiro Homem, foi salvo de uma inundação por um peixe (o deus Brahma), que o levou aos Himalaias até que as águas retrocedessem.
O Islamismo
Para os Muçulmanos, a água serve, mais que nada, para a purificação. Existem três tipos de abluções, ou lavagens: a primeira e mais importante envolve a lavagem integral do corpo – é obrigatória depois das relações sexuais e recomendada antes das orações à 6ª Feira e antes de tocar o Corão. A segunda ocorre antes de cada uma das cinco orações diárias, tendo os crentes de banhar a cabeça, lavar as mãos, os antebraços e os pés. Todas as mesquitas possuem uma fonte de água, normalmente uma fonte, para esta ablução. Por fim, o último tipo de ablução diz respeito às situações em que a água escasseia – nesse caso os Muçulmanos usam areia para a lavagem.
Para os Muçulmanos, a água serve, mais que nada, para a purificação. Existem três tipos de abluções, ou lavagens: a primeira e mais importante envolve a lavagem integral do corpo – é obrigatória depois das relações sexuais e recomendada antes das orações à 6ª Feira e antes de tocar o Corão. A segunda ocorre antes de cada uma das cinco orações diárias, tendo os crentes de banhar a cabeça, lavar as mãos, os antebraços e os pés. Todas as mesquitas possuem uma fonte de água, normalmente uma fonte, para esta ablução. Por fim, o último tipo de ablução diz respeito às situações em que a água escasseia – nesse caso os Muçulmanos usam areia para a lavagem.
O Budismo
Para os budistas o simbolismo e os rituais não fazem sentido porque procuram a iluminação espiritual que advém de ver a realidade da irrealidade. No entanto, a água está presente nos funerais Budistas, sendo vertida sobre uma taça que transborda perante o corpo do defunto e dos monges que recitam “Como as chuvas enchem os rios e transbordam para os oceanos, também o que é oferecido aqui possa chegar aos que partiram”.
Para os budistas o simbolismo e os rituais não fazem sentido porque procuram a iluminação espiritual que advém de ver a realidade da irrealidade. No entanto, a água está presente nos funerais Budistas, sendo vertida sobre uma taça que transborda perante o corpo do defunto e dos monges que recitam “Como as chuvas enchem os rios e transbordam para os oceanos, também o que é oferecido aqui possa chegar aos que partiram”.
A função da água nas religiões
A água é, e sempre foi, um bem essencial à vida. Tanto à vida em geral, como à vida humana em particular. Para além deste facto irrenunciável, e mesmo decorrente dele, a água assumiu sempre um conjunto de funções na vida pessoal e comunitária que a tornaram um bem material cujo sentido ultrapassou largamente a sua função primeira e imediata. Tornou-se, por isso, um elemento simbólico extremamente relevante desde a mais remota antiguidade.
No contexto do fenómeno religioso, as águas são um símbolo praticamente universal. Representam, em primeiro lugar, a fonte e a origem de todas as coisas, a matriz de todas as possibilidades de existência[1], os fundamentos do mundo inteiro, o elemento que permite a longevidade, o princípio de toda a cura e a bebida da imortalidade. A água é, pois, a substância primordial, da qual nascem todas as formas e para a qual regressam no final da sua existência. As águas são eternas e eternamente criadoras. Assim sendo, o movimento de imersão e emersão das águas significa a regeneração total, um novo nascimento, uma recriação do sujeito. O banho na água potencia a força vital e criadora do sujeito. Através do ritual iniciático, ela provoca um novo nascimento; através de um ritual mágico, ela cura; através de rituais funerários, ela assegura o renascimento do defunto. Daqui decorre que a água é o símbolo da vida (a “água viva”), fecundando a terra, os animais, a mulher. Na língua suméria, por exemplo, a palavra a significava “água”, mas também “esperma” e “geração”. Na ilha Wakuta, um mito conta que uma rapariga perdeu a virgindade ao deixar que a água lhe tocasse o corpo. Entre os Índios Pima, do Novo México, um mito refere que uma bela mulher foi fecundada por uma gota de água caída de uma nuvem.
Muitas são as cosmogonias[2] aquáticas na história das religiões. Da água, fonte de toda a vida, deriva todo o cosmos. Na mitologia indiana popularizou-se o mito das águas primordiais (as águas originais de onde tudo proveio). Também na Babilónia há narrativas a descrever o caos aquático, o oceano primordial. Desta civilização, passou directamente para a Bíblia: o livro do Génesis, o primeiro livro da Bíblia, abre imediatamente com a descrição deste oceano primordial, onde pairava o espírito de Deus: “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas” (Gen 1, 1-2).
Igualmente abundantes são as narrativas que fazem derivar da água o ser humano ou uma raça particular. Na costa sul de Java, por exemplo, encontra-se um “mar de crianças”. Os Índios Karaja do Brasil, lembram-se do tempo mítico em que se encontravam ainda na água. Em Oxford, é conhecida uma fonte (Child’s Well) capaz de tornar fecunda uma mulher estéril.
A água é o símbolo medicinal por excelência. Ela cura, rejuvenesce, assegura a vida eterna. Na “água viva” reside a vida, o vigor, a eternidade. Esta água não está acessível a todos. Só a conseguem obter, os que se submetem a provas e as ultrapassam com sucesso. O rio da água da vida encontra-se junto ao trono de Deus, de acordo com o texto do Apocalipse[3]: “O anjo mostrou-me o rio da água da vida, resplandecente como cristal, que saía do trono de Deus” (Ap 22, 1). Ainda nos nossos dias, na Cornualha, as crianças doentes são mergulhadas três vezes no poço de Saint-Mandron. Em França, o número de fontes e de rios com virtudes curativas é considerável. A “água não começada”, ou seja, a água de um vaso novo, não profanado pelo uso quotidiano, tem nas magias populares um enorme poder curativo, uma vez que representa a água primordial e o seu valor criador. Os actos mágicos repetem a criação original porque projectam tudo no tempo mítico do início, repetindo os gestos da criação primeva.
A imersão na água, simbolizando um processo de purificação do sujeito, tem a mesmo significado: a água dissolve o sujeito e toda a sua história, recriando-o para uma nova vida, sem qualquer sinal do tempo histórico anterior, em que o “pecado” tinha implantado as suas raízes. No plano humano equivale à morte, no plano cósmico equivale ao dilúvio. Aniquilando tudo, a água tem o poder de purificar o sujeito, regenerar o mundo e submeter a totalidade das coisas a um renascimento que tudo limpa. Na Eneida, as abluções[4] purificam do crime (II, 717-720). No Alceste de Eurípides, as abluções purificam da presença nefasta dos mortos. Nas religiões politeístas grega e romana, as abluções tinham um papel essencial: constituíam rituais obrigatórios antes de se entrar nos templos e de se realizarem sacrifícios.
Este simbolismo da imersão nas águas, que já se praticava também nos movimentos baptistas judaicos do tempo de Jesus (veja-se, por exemplo o movimento de João, o Baptista), é assumido pelo próprio Jesus e pelo cristianismo após a sua morte. O baptismo de João Baptista procurava o perdão dos pecados, num contexto histórico em que se esperava o fim do mundo iminente. No cristianismo, o baptismo tornou-se o sacramento[5] da principal regeneração espiritual, simbolizando a morte e sepultura de Cristo (Rm 6, 3ss). No baptismo, o cristão transforma-se em “outro Cristo”, revivendo o seu destino trágico e tornando-o capaz de assumir também o seu destino glorioso (a ressurreição). A emersão da água é, por isso, tão importante como a imersão. O homem velho morre nas águas, dando origem a um homem novo.
O uso funerário da água tem o mesmo significado: as águas “saciam a sede do morto”, dissolvem-no, aniquilam-no, abolindo definitivamente a sua condição humana, decadente e sofredora. A morte não é entendida como uma extinção total do sujeito. Depois da morte, ele vai habitar a zona inferior (“Inferno”, “Hades”), numa existência degradada, como sombra sem consistência. Na expectativa de retorno ao cosmos (reencarnação) ou de libertação definitiva, o morto sofre e este sofrimento exprime-se através da sede. Em Lc 16, 24, o rico, mergulhado nas chamas do Inferno, suplica a Abraão que tenha piedade dele e lhe mande Lázaro para lhe refrescar a língua com água. A convicção de que os mortos tinham sede aterrorizou, em particular, os povos ameaçados pelo calor (gregos, mesopotâmicos, sírios, palestinos, etc.). A libertação dos mortos era vista como um refrigério, enquanto que os povos nórdicos representavam a sofrimento post mortem exactamente da maneira oposta: o frio, a geada… As libações dos mortos pretendem retirar-lhes o sofrimento a que estão sujeitos, dissolvendo-os inteiramente na água, extinguindo a sua condição degradada e permitindo, deste modo, um novo nascimento.
Este valor simbólico da água veio a repercutir-se em numerosos cultos e ritos concentrados em fontes, rios e ribeiras. Os cursos de água são elementos sagrados, nos quais o transcendente se revela. A água corre, por isso é viva; inspira, cura e profetiza. Junto a cursos de água foram encontrados objectos de culto que manifestam esta crença do homem desde períodos muito recuados da história. Na Grécia antiga, por exemplo, Homero conhecia o culto dos rios: sacrificavam-se animais ao Escamandro e às nascentes do Esperqueios. Outros povos tinham este tipo de culto (Francos, Germanos, Eslavos, Massai, Baganda, etc.). As Ninfas são divindades que habitam em todas as águas correntes, em todas as fontes e nascentes. As mais célebres são as irmãs de Tétis, as Nereides, ou como lhes chama Hesíodo (Teogonia, v. 364), as Oceanides. Mas acima de todas estas divindades menores, encontra-se Poséidon. O mar enfurecido perde as suas características femininas e adquire um perfil masculino. Poséidon é o deus dos mares, tem o seu palácio no fundo do oceano e o seu símbolo é o tridente. Ele é desagradável, selvagem e mau, ou seja, é anterior a qualquer moral uma vez que representa o poder original, anterior a todas as coisas. O cristianismo desenvolverá duas atitudes diferentes e contrapostas em relação a estes cultos: a proibição, muitas vezes infrutífera, destas manifestações religiosas e a sua “cristianização”, através da atribuição de um significado tipicamente cristão.
As tradições que referem dilúvios estão ligadas à ideia da dissolução do mundo e da humanidade como ponto de partida para a sua recriação, dando início a uma nova época e a uma nova humanidade. As águas precedem toda a criação e reabsorvem-na periodicamente a fim de a purificarem. O dilúvio acontece nos vários mitos por causa do “pecado” da humanidade, embora nem sempre esse pecado seja de origem ético-moral, tem muitas vezes a ver com uma falta ritual. Se não acontecessem os dilúvios periódicos, a humanidade, devido à sua fraqueza e à sua debilidade, desmoronar-se-ia no abismo das suas faltas e enfraqueceria até cair na mais esgotante esterilidade. O dilúvio é, assim, o garante da renovação da humanidade, atribuindo-lhe ciclicamente o vigor e a força anímica que a faz prosseguir.
Na Bíblia, assiste-se a uma certa ruptura com este modo de pensar. A cultura hebraica é avessa ao pensamento cíclico, por isso representa apenas um único acontecimento diluviano. Deus acaba por se arrepender da sua acção destruidora e estabelece com Noé e a sua família uma aliança que será eterna: “Deus disse a Noé e aos seus filhos: Vou estabelecer uma aliança convosco (…): não mais criatura alguma será exterminada pelas águas do dilúvio e não haverá jamais outro dilúvio para destruir a terra” (Gen 9, 8-11). Em continuidade com este pensamento, o Novo Testamento atribui à morte de Cristo, como evento salvífico primordial, esta função purificadora, que redime definitivamente o coração humano, associando-o simbolicamente ao seu percurso existencial através do ritual baptismal.