A Educação Ambiental e as Práticas das Religiões Afro-umbandistas
Ao evitar divergências com a comunidade leiga em geral, não pretende esgotar o assunto nem impor condições.
A colaboração dos nossos Sacerdotes e seguidores religiosos é primordial para o sucesso da iniciativa, contribuindo para a tranquilidade e o respeito a que fazemos jus.
A realização de cultos, oferendas e trabalhos deve estar em perfeita harmonia com o ambiente natural e as comunidades frequentadoras das áreas verdes, a fim de que haja equilíbrio e sintonia entre todos. Este Trabalho visa conciliar o relacionamento entre o sagrado e o profano, evitando aborrecimentos e conflitos.
Os rituais e a preservação da natureza
1.1 Material a ser Apresentado e Usado
Os dirigentes de nossas Casas devem orientar a apresentação e plantação de suas oferendas, despachos, limpezas etc, com a utilização de materiais orgânicos biodegradáveis, evitando-se o uso de plástico, cera, parafina, tecido, papel, papelão, vidro, cerâmica, metal e outros elementos de difícil absorção pela NATUREZA.
Assim sendo, o hábito praticado por nossos ancestrais, ao “apresentar e plantar”, de colocarem os trabalhos sobre folhas de mamona ou de bananeira, formando uma bandeja natural, parece-nos o ideal para mantermos a proteção à ecologia e não agredirmos o ambiente natural. O grande presente é não poluir a NATUREZA! Vamos avançar mais:
Vamos apresentar nossos vidros de perfumes, pentes, espelhos, espadas de São Jorge, ervas, flores e até VELAS, IMAGENS e BARCOS para os Orixás; levá-los e benzê-los na NATUREZA e, já devidamente energizados e abençoados, levá-los para nossas Casas, onde as Divindades permanecerão conosco.
Vamos fazer chuveiros de pipoca, grãos e cereais nas matas e encruzilhadas, e chuveiros de canjica cozida nas águas doces ou salgadas. Agradecendo às Divindades, vamos incentivar “Promessas” através de Oferendas que incluam a apresentação de alimentos e a entrega em instituições que atendem a população mais vulnerável.
Evita-se desperdício ao deixar às Entidades de nossas Casas um AXÉ representativo de doces e frutas, a ser “plantado”.
1.2 Locais inadequados
Entre os locais inadequados podemos citar as ruas pavimentadas e calçadas, templos, escolas, creches, estabelecimentos comerciais, industriais e repartições públicas; todos os locais de grande afluência de público e de crianças que venham a se colocar em contato com os trabalhos.
A “entrega” de animais sacrificados deve ser banida destes locais e de outros onde sua presença venha a chocar os leigos ou provocar-lhes temor ou repulsa, gerando vibrações negativas.
Após a sacralização de animais, o que não é consumido pelos seres humanos e animais domésticos, pode e deve ser “plantado” em terra, voltando aos ciclos da NATUREZA, preceito que é seguido pela maioria dos religiosos de Matriz Africana.
Os trabalhos colocados em encruzilhadas devem ser em locais de trânsito restrito ou totalmente isolados, colaborando com o meio ambiente e com um maior respeito pela nossa Religião.
Após o falecimento de Sacerdotes e o Aressum, Eressum, Erú ou Axexê, suas facas e ferramentas podem ser lavadas nos rios. “Dar” apenas 3 coisas da comida que o falecido (a) gostava e fazer todos os Axés aos Orixás, em pouca quantidade. Recomenda-se que os Sacerdotes Sacerdotisas, ainda em vida, façam a doação dos Axós que não são mais utilizados, tendo o cuidado de não guardar o que não usam mais. Também devem determinar a distinção dos bens aos filhos e filhas que darão continuidade ao Ilê, como obé, sineta, tambor, agês, pedras, mão de acarajé, ferramentas, alás etc. Além de preservar a NATUREZA, mantém os objetos sagrados na família religiosa.
1.3 Uso de velas
As velas devem ser acesas ANTES nos Congás e Quartos de Santo, evitando queimá-las na NATUREZA. Jamais devemos colocar velas junto às raízes de árvores e muito menos em seus ocos. Zelar pelo habitat de nossos Orixás é a melhor homenagem que lhes podemos prestar.
1.4 Uso de bebidas
Não devemos deixar as bebidas em seus vasilhames, em copos ou taças de vidro ou de plástico, e sim vertê-las ao solo, liberando de imediato seus fluidos, guardando os vasilhames e evitando a embriaguez dos moradores de rua. Nossos antepassados diziam: “Orixá não come vidro ou plástico!”
1.5 Apresentação e Levantação
Dividimos o trabalho em duas partes distintas, que devem se revestir de todo Cerimonial, com entoação de pontos e rezas, pois é uma homenagem à Entidade e ao seu Reino na NATUREZA:
A) a apresentação vibratória das oferendas aos Orixás, Guias e Protetores nos Congás e Quartos de Santo, pelo tempo necessário e aí sim, com as VELAS ACESAS;
b) a Levantação e entrega com plantação nos Reinos das Entidades na NATUREZA onde os Elementais se incubirão de absorver os resíduos fluídicos vibratórios. Após o Ritual, o local pemanecerá limpo e não oferecerá riscos à comunidade.
Os Sacerdotes com Orixás em apartamentos devem sacrilizar na CASA de pessoa de sua bacia religiosa.
Ao encontrar oferendas inadequadas, vamos dar exemplo; “plantar” o orgânico e recolher o inorgânico!
Os Rituais e as Manifestações Sonoras (horários)
Para Festas Especiais de qualquer Ritual que exija a vibração dos Tambores em todo o seu curso, as Casas devem solicitar a Licença Especial concedida pelos órgãos federativos e que vem sendo respeitada pelas autoridades da região devem ser informadas e convidadas a comparecer e participar da Festividade, para evitar constrangimentos maiores.
Para tranquilidade dos trabalhos e boa relação com vizinhos, devemos antecipar o início dos Toques de Nação, o que não influirá no seu fundamento.
Conclusão
As áreas verdes, praças, parques, margens de arroios, lagoas e açudes, bem como locais onde há vegetação nativa, devem ser preservados e tratados com o maior respeito e reverência, tanto por aqueles que levam as suas oferendas como pelos que ali têm o seu lazer ou exercem a sua profissão.
material enviado por João Carlos - Porto alegre
Obrigado ao amigo