terça-feira, 22 de abril de 2014

OGUM

Ogum

Ogum é o Orixá da guerra, das batalhas, dos metais, da agricultura, dos caminhos e da tecnologia. Orixá guerreiro, defendendo as leis e a ordem, representa todas as batalhas da vida, e faz parte de tudo aquilo que é preciso lutar para alcançar vitória. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, portanto é ele quem ensina os homens a manufaturar o ferro e o aço tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. A ele pertence a Obé e por isso vem logo após o Bará porque sem as facas que lhe pertencem não seriam possíveis os sacrifícios. A importância de Ogum vem do fato de ser ele um dos mais antigos deuses iorubás e, também em virtude de sua ligação com os metais e aqueles que os utilizam. Sem sua permissão e sua proteção, nenhum dos trabalhos e das atividades úteis e proveitosas seriam possíveis. 

Lenda sobre Ogum:
Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio em suas expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odúduá, seu pai, rei de Ifé. 
Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Irê e matou o rei, Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando para si o título de Rei. 
Após instalar seu filho no trono, Ogum voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê, tudo acompanhado de muito vinho de palma. Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra. Ogum tornara-se um Orixá.

Arquétipos dos filhos de Ogum:
Os filhos de Ogum são pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. São pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Pessoas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda esperança. Possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva aos mais tranquilos comportamentos, e devido a sua sinceridade e franqueza, tornam-se pessoas difíceis de serem odiadas.
Características Positivas: 
Valentes, destemidos, buscam novos objetivos. São pessoas perspicazes, objetivas e corajosas. Amantes fiéis e constantes, dedicados à família. Geralmente bonitos, talentosos e inteligentes.
Características Negativas: 
Gananciosos, atrevidos. Usam a falsidade como tática de guerra, temperamentais e impiedosos.

Qualidades: Avagã, Onira, Olobedé, Adiolá
*Avagã: Responde no meio do cruzeiro e tem seu assentamento do lado de fora do Ilê, junto com Bará Lodê.
*Onira: Responde em cantos de cruzeiros e matos. Guerreiro impulsivo, é o cortador de cabeças, ligado à morte e aos antepassados. Orgulhoso, muito impaciente, arrebatado, não pensa antes de agir, mas acalma-se rapidamente. 
*Olobedé: Responde no meio do mato, e é o Ogum ferreiro. Representa um tipo mais velho de Ogum, trabalhador consciencioso, severo, que não brinca em serviço. Ciente de seus deveres como de seus direitos, é exigente e rabugento.
*Adiolá: Responde na beira da praia. Tem ligação com Iemanjá, é guerreiro e considerado o Ogum de Oxalá. 
Saudação: Ogum Iê: Salve Ogum!
  Dia do ano: 23 de abril
            Dia da Semana: Segunda-feira para Avagã e quinta-feira para os demais
Flor: Palma vermelha e cravo vermelho
Comida: Sete ripas de costela assada e farinha de mandioca
        Doce: Marmelo e doce de frutas
     Animal de estimação: Cavalo e cachorro
Função: Emprego, demanda
Número: 05 ou 07
Cor: Verde e vermelho
Ferramentas: Alicate, espada, faca, bigorna, búzios, moedas, martelo, lança, ferradura
Frutas: Côco, limão
Ervas: Espada de São Jorge
Legumes: Rabanete, espinafre
Ajuntós:
*Avagã: com Oiá Timboá, com Oiá Dirã
*Onira: com Oiá
                                                 *Olobedé: com Iansã
*Adiolá: com Oxum Epandá, com Iemanjá Bocí

22/04/2014 - OGUM

Pai Ogum - A Lei, A Ordem
       
Tudo é regido por uma Lei imutável, a Lei do Criador, a ordem das coisas em todos os planos da vida e em todos os níveis conscienciais. Nas esferas superiores da Luz, há lei, ordem e harmonia e essa Lei dá os parâmetros, para o nosso equilíbrio, evolução e vida  no meio que nos acolhe. Lei é ordem das coisas em todos os planos da vida e em todos os níveis conscienciais e a Lei Divina é a Lei Maior, que rege  tudo e a todos conduz, na sua senda evolutiva. A Lei da Umbanda é essa Lei de Deus, justa e poderosa. As outras leis estão dentro dela: carma, reencarnação, causa e efeito, afinidades. A Lei Maior é o campo de atuação de Pai Ogum, que ordena os procedimentos, os processos e as normas ditados pelo Divino Criador, anulando tudo o que estiver em desacordo com ela.  Essa força que ordena tudo e todos está presente tanto na estrutura de um átomo, como na estrutura do Universo. É a Lei Divina em ação.
No estágio humano, nossa vida precisa ter sentidos a guiá-la, para adquirirmos equilíbrio, fortalecimento de nossa crença, firmeza nos princípios que nos regem e no  sentimento de amor pelo Criador e por sua criação. Nossa Lei não é dualista, ela não diz que "podemos fazer o bem com a direita e o mal com a esquerda". Só podemos fazer o bem. Muitos direcionam a maior parte de seu potencial humano na busca da satisfação mundana (materialista) e se esquecem que a vida tem sentidos superiores, êxtases verdadeiros. É preciso desenvolvermos a consciência e o virtuosismo, para sermos conduzidos de volta ao Todo, num estágio superior de evolução. Virtuosismo é  colocarmo-nos em equilíbrio perante as leis que regem toda a criação, vivenciando Deus em nós mesmos, com fé, amor, razão, lei, equilíbrio, conhecimento, sabedoria e preservação. Virtuosismo é desenvolvermos os nossos dons,  para nos tornarmos auxiliares diretos da Lei Maior, no socorro aos semelhantes, cumprindo nossas obrigações para com Deus e sua Lei. Os seres desequilibrados ou desregrados perecem diante da Lei Maior, que age através de Pai Ogum.

Desequilibrados são os espíritos que se desvirtuaram ou se viciaram emocionalmente, anulando sua razão e capacidade de raciocínio. Como ninguém se desequilibra por si mesmo, atrás de um desequilibrado estão outros. No momento da morte, o espírito desvirtuado automaticamente é atraído para as esferas cósmicas negativas, desprovidas de luz (trevas). Aí, sofre alterações em seu corpo espiritual, tornando-se irreconhecível, com aparência desumana. As trevas aparentam ser um inferno, mas é o melhor que a Lei pode fazer pelos desequilibrados e desregrados, pois seus magnetismos negativos não permitem sua condução para a luz, pois nela não se sustentariam. Um ser humano só sai da prisão das trevas se clamar, de coração e arrependido, pela ajuda de Deus. Isto é a Lei. E Pai Ogum é a divindade que aplica a Lei Maior em tudo e a todos; ele é o comandante das milícias celestes, sempre vigilante e marcial, pronto a agir, anulando tudo o que for oposto a ela.!
Pai Ogum Maior é sinônimo de Lei Maior, Ordenação Divina e retidão, porque é gerado na qualidade eólica, ordenadora, do Divino Criador. Como ordenação divina, age apenas como energia, tanto atrativa como repulsiva, ordenando desde a estrutura de um átomo até a estrutura do Universo. Seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão, a emoção e a ordenação dos processos e procedimentos. É o senhor do movimento, o senhor dos caminhos e das estradas, o senhor que quebra as demandas, que arrebenta as amarras e nos liberta. Ele faz nossa vida se movimentar e, como bom ordenador, coloca as nossas prioridades à frente, na hora certa. Ele é a divindade que aplica a Lei Maior, é o regente das milícias celestes, guardiãs dos procedimentos dos seres em todos os sentidos. É a divindade que aplica a Lei Maior. Ele ordena a fé, o amor, o conhecimento, a justiça, a evolução e a geração. Por isso, está em todas as outras qualidades divinas.

  • Ogum é chamado de “Senhor das Demandas"

É o guardião do ponto de força que mantém o equilíbrio entre o que está no alto e o que está em baixo, o positivo e o negativo, a Luz e as Trevas, a paz e as discórdias. Tudo no mundo gira em torno do equilíbrio entre Luz e Trevas, Bem e Mal, positivo e negativo, alto e baixo, direita e esquerda, etc. Se uma pessoa assume uma forma contemplativa de vida, está se colocando como mero observador do desenrolar do dia-a-dia da humanidade. Como não é possível nem aconselhável assumir tal postura, o melhor a fazer é procurar Ogum como nosso guia de viagem na senda da Luz. Ele sempre nos avisará quando sairmos da linha de equilíbrio que divide Luz e Trevas.

  • Ogum é o Senhor dos Caminhos – das direções

Os caminhos  são  o  ponto  de forças, os santuários naturais de Pai Ogum. Por caminhos devemos entender as vias evolutivas, a evolução dos espíritos. Pai Ogum é o  vigilante  do  caminho  daqueles  que  empreenderam  sua caminhada pela senda da Luz, mas, vigia tanto os caminhos para cima como para baixo. Ele é como um escudo protetor e luta para não deixar cair quem ele está protegendo. Se procurarmos Ogum como nosso guia de viagem na senda da Luz, ele sempre nos avisará quando sairmos da linha de equilíbrio que divide Luz e Trevas. Quando auxiliamos, temos Ogum atrás para nos guardar, porém, quando odiamos, temos Ogum à nossa frente para nos bloquear.

  • Ogum também é um Executor do carma

Pai Ogum vigia a execução dos carmas e tem sob suas ordens tanto a Luz como as Trevas. Como guardião do ponto de força do equilíbrio, comanda as entidades atuantes no nosso plano como agentes cármicos, ou seja, os Exus de Lei da Umbanda.

  • Ogum é um Guardião do Ponto de Força da Lei

Nessa função, Ogum abrange a todos e tudo o que alguém fizer envolvendo magia ou ocultismo será anotado por ele, para posterior julgamento junto ao Senhor da Lei, que é Deus.

  • Ogum é um aplicador religioso da Lei Maior

Basta  sairmos  do  caminho  reto,  para  sermos tolhidos pelas suas irradiações retas e cortantes. Suas irradiações retas são simbolizadas por suas "Sete Lanças"; as cortantes são simbolizadas pelas "Sete Espadas"e sua proteção legal é simbolizada pelos seus "Sete Escudos". Quando a Lei quer recompensar, é Ogum quem dá, mas, quando quer cobrar, é seu lado negativo quem executa. Quando caminhamos rumo à Luz, Ogum está à nossa direita; quando rumamos para as trevas, ele apenas inverte sua posição, mas não o lado. Portanto, ele estará à nossa esquerda, anotando sentimentos e atitudes condenáveis".

(*) – In: Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista Lurdes de Campos Vieira (Coord.) – Madras Ed.

terça-feira, 8 de abril de 2014

08 DE ABRIL - DIA INTERNACIONAL DO CIGANO

DIA INTERNACIONAL DOS CIGANOS - ROMÁ DAY - DIA INTERNACIONAL DOS ROMANI

A ROMÁ - A nação cigana, com todas as suas diferentes etnias em todo o mundo.
ROMANI - O conjunto  que envolve  a língua, a cultura e as tradições ciganas, respeitando suas diferenças.

Os assim chamados ciganos
CALON, ROM E SINTE


Esse é o terceiro ano que a AMSK/Brasil, oficialmente comemora o  International Romá Day, mais de 
45 países vão fazer isso no dia 8/04. A Bandeira, o hino e a importancia da união, foram efetivamente
 asseguradas no dia 08 de abril de 1971. Lá estavam ciganos de todo o mundo, unidos pela preservação
, pelo orgulho de pertencerem, pela vontade de lutar por um mundo melhor.

É exatamente assim que pensamos,
e isto nos basta.

AMSK/Brasil

Os ciganos do mundo, reunidos em 1971 .

At the fire where the first Romani flag and anthem was introduced. From left is Jarko Jovanovič, beh   


 
Workers at the committee Eva Davidová
 
Os tempos mudaram e os anos se passaram.
Mas precisamos compreender que quando se trata de perseguição, de racismo e de romafobia, pouco mudou, apenas importa o nome: CIGANO, ninguem te pergunta a etnia.


O Internacianalno Djes le Rromenge ande Albanija 

Seja no Brasil ou na Albânia, a luta é a mesma.

Homenageando os povos de cultura Romani em todo o mundo, na sua data internacional, e, em especial,
 os Calon, Rom e Sinti, no Brasil, a Excelentíssima Ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes,
 receberá, no dia 8 de abril, às 17 horas, ao lado de outros representantes do poder público convidados,
 membros de comunidades e organizações dosCalon, Rom e Sinti, para dar continuidade ao diálogo em prol 
da efetiva implementação de políticas públicas federais para a promoção e a garantia de respeito aos direitos
 dos assim chamados “ciganos”, no Brasil. 

 
Considerando a Audiência Pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa
 do Senado Federal, em 12.12.2012, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e a 6ª Câmara de
 Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, em atenção a pedido da AMSK, a PFDC pela
 celebração do Dia Internacional dos Roma, apresentaram à Ministra de Direitos Humanos a proposta 
dessa reunião de trabalho, ocasião em que poderão ser retomadas as questões debatidas na Audiência
 Pública e os compromissos que constam no Programa Nacional de Direitos Humanos 3 e na II Conferência
 Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
 
                                  LUCIANO MARIZ MAIA
              Procurador Federal dos Direitos do Cidadão Adjunto

 http://cozinhadosvurdons.blogspot.com.br/2013/04/dia-internacional-dos-ciganos-roma-day.html

08 DE ABRIL DIA INTERNACIONAL DOS CIGANOS




8 de Abril – Dia Internacional dos Ciganos – International Roma Day

Em 8 de abril é comemorado o Dia Internacional dos Ciganos (International Roma Day), uma ocasião que pretende dar visibilidade à presença das comunidades ciganas em todo o mundo.
Esta data, à semelhança da bandeira e do hino ciganos, foi oficializada no primeiro Congresso Mundial Roma/Cigano que teve lugar em Londres em 1971, tendo hoje grande difusão no espaço europeu e mundial, sendo formalmente aceita pela grande maioria das Associações e ONG’s das comunidades ciganas. A celebração do Dia Internacional dos Ciganos tornou-se desde os últimos anos uma importante ocasião para o reconhecimento internacional dos Ciganos, da sua história, língua e cultura. Apesar desta ser uma data relativamente desconhecida para a grande maioria das pessoas, é celebrada em diversos países dos cinco continentes como uma chamada de atenção para a discriminação que em muitas ocasiões estas comunidades são alvo.
Em 2000 o então Papa João Paulo II contribuiu também para a difusão do 8 de abril com uma audiência na Praça de S. Pedro a diversas organizações ciganas, tendo solicitado mais respeito e apoio a estas populações. Em 2002, o dia 8 de abril adotou uma vistosa celebração, chamada Cerimônia do Rio, em que as organizações ciganas se reuniram junto aos principais rios de todo o mundo para lançar flores e acender velas em memória dos seus antepassados e das vítimas ciganas do Holocausto Nazi.As populações ciganas perfazem, hoje, cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Na Europa constituem a minoria étnica mais importante e numerosa com cerca de 8 milhões de pessoas. Em Portugal estima-se que vivam cerca de 40 mil portugueses de etnia cigana e ainda um número indeterminado de ciganos oriundos da Europa Central e de Leste.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Políticas Públicas para Comunidades Tradicionais

Políticas Públicas para Comunidades Tradicionais

Ações e programas executados pela Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República (Seppir/PR) foi criada em 21 de março de 2003, data na qual é celebrado o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). Dentre as suas finalidades está a formulação, coordenação e articulação de diretrizes e políticas para a promoção da igualdade racial e a proteção dos direitos de grupos étnico-raciais, com ênfase na população negra. Nesta ampla agenda de trabalho incluem-se as comunidades quilombolas, comunidades tradicionais de matriz africana e povos de cultura cigana, em relação as quais a Seppir tem como missão: 
- Formular, coordenar e monitorar planos, programas e projetos que assegurem o acesso de comunidades tradicionais às políticas públicas, por meio da articulação entre órgãos federais, estaduais e municipais. 
- Criar e manter bancos de dados e estudos diagnósticos sobre os Povos e Comunidades Tradicionais.
1. COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Comunidades quilombolas são grupos com trajetória histórica própria, cuja origem se refere a diferentes situações, a exemplo de doações de terras  realizadas a partir da desagregação de monoculturas; compra de terras pelos próprios sujeitos, com o fim do sistema escravista; terras obtidas em troca da prestação de serviços; ou áreas ocupadas no processo de resistência ao sistema escravista. Em todos os casos, o território é a base da reprodução física,  social, econômica e cultural da coletividade. Até agosto de 2012, a Fundação Cultural Palmares certificou 1834 comunidades quilombolas, presentes nas  cinco regiões do país, com maior concentração nos Estados do Maranhão, Bahia, Pará, Minas Gerais e Pernambuco.
2. COMUNIDADES TRADICIONAIS DE MATRIZ AFRICANA
Comunidades tradicionais de matriz africana constituem espaços próprios de resistência e sobrevivência, que possibilitaram a preservação e recriação de  valores civilizatórios, de conhecimentos e da cosmovisão trazidos pelos africanos, quando transplantados para o Brasil. Caracterizam-se pelo respeito à tradição e aos bens naturais; o uso do espaço para a reprodução social, cultural e espiritual da comunidade; e a aplicação de saberes tradicionais  transmitidos através da oralidade.
3. POVOS DE CULTURA CIGANA
Os povos de cultura cigana começaram a chegar no Brasil ainda no período colonial. Estima-se que existam aproximadamente 800 mil ciganos no país,  pertencentes a 08 diferentes clãs. Reivindicam políticas públicas específicas, que garantam os seus direitos humanos, sociais e culturais. Decreto  presidencial, assinado 2006, instituiu o 24 de Maio como Dia Nacional dos Ciganos.

objetivos construídos pelos coletivos de Matriz Africana e de Terreiro na Cúpula dos Povos / Rio+20, entre os dias 15 a 23 de junho de 2012, no Rio de Janeiro,

Povos das Florestas, dos Povos Ciganos, das Comunidades Quilombolas, das Comunidades Ribeirinhas, diversas Entidades Estaduais, com correlação ao tema que as mesmas assinam este documento.

A I Semana de Ecologia, Cultura e Cidadania dos Povos Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiro na Cúpula dos Povos / Rio+20 nasce da necessidade de se aprofundar os debates realizados durante o ano em diversas instâncias da sociedade civil e governamental, em vários territórios, municípios, estados, com uma programação autônoma, de formação, de convergência e coletividade, ao qual construímos esta carta política, propositiva e de reflexão social. Sobre os objetivos construídos pelos coletivos
de Matriz Africana e de Terreiro na Cúpula dos Povos / Rio+20, entre os dias 15 a 23 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, Lideranças dTERRITÓRIO ÉTNICO E CULTURA COMO BEM COMUM                

Reunidos na I Semana de Ecologia, Cultura e Cidadania dos Povos Tradicionais dos Povos Tradicionais de Matrizes Africanas e/ou de Terreiro, dos Povos das que pensam e realizam a Cúpula dos Povos estes foram conscensuados dentre nossas atividades.
              Marcar um posicionamento frente à pauta da conferência oficial Rio+20: crítico à economia verde, no marco das falsas soluções, e ao debate insuficiente sobre governança global;
              Visibilizar as lutas dos povos frente ao modelo existente e suas formas de exploração a nível global, em particular no Brasil e na América Latina, e ao mesmo tempo estreitar os laços de solidariedade e fortalecer os atores sociais nos espaços simbólicos de luta popular no Rio de Janeiro e no Brasil;
              Apresentar propostas teóricas e práticas, às soluções dos povos que já estão em construção frente às crises sistêmicas;
              Acumular forças para o pós-Rio+20, recompor pautas de luta dos movimentos no marco político da luta anticapitalista, expressando a luta de classes, antirracista, antipatriarcal, anti-homofóbica, intolerância religiosa, contra a mercantilização da vida e da natureza, em defesa dos bens comuns, contra a ofensiva do capital nos territórios e contra a perda dos direitos;
              Produzir agenda comum de lutas mundiais e posições convergentes, construídas a partir do que os movimentos sociais e organizações da sociedade civil trazem de acúmulo e processos em curso, que se traduzem durante o processo de preparação da Cúpula dos Povos e durante a Cúpula.

Desta formar dialogando com os eixos construídos pelos coletivos que pensam e realizam a Cúpula dos Povos os Povos Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiro apresentam estas resoluções:
Para refletir sobre as causas estruturantes das crises e injustiças sociais e ambientais se faz necessário refletirmos sobre alguns processos históricos primeiramente a invasão da África e da América, as quais foram concebidas no enfrentamento a civilizações que não tinham no ser humano o centro do cosmo sim na natureza, levando um período de extrema violência à natureza, ao ser humano e aos demais seres vivos, este processo que levou ao maior sequestro e a maior dizimação de seres humanos em toda a existência.

Processo que foi impulsionador da globalização dos princípios do capitalismo como a propagação da propriedade privada, processo piramidal de organização da sociedade o que leva as atuais crises mundiais.
Mas não basta ressaltarmos os motivos de tais crises é necessários dizer quais são as falsas soluções que as transformam em problemas crônico da atual sociedade.

Não é possível pensarmos em resolver as injustiças sociais e ambientais se continuarmos a nos relacionarmos com o meio e com os demais seres humanos em uma relação de consumo e de depreciação dos homens e das mulheres e dos seus territórios.

Se continuarmos em uma falsa democracia que dialoga em cima de princípios racistas, homofóbicos, lesbofóbicos e intolerantes. Para haver resutivilidade necessitamos de democracia plena que entenda os princípios de equidade e igualdade que propicie o respeito a todos os povos e suas culturas.

Nos tempos modernos se faz uma nova forma de opressão sobre os povos tradicionais de matriz africana e de terreiro a da mídia que vem marginalizando e folclorizando as culturas tradicionais, a da omissão dos governos que vem negando reparações a estes povos e a velhas formas de opressão, violência e ignorância por parte dos estados e instituições privadas religiosas.

1)     Soluções reais e novos paradigmas dos povos:
A única solução para tais problemas é realmente, avalizar ao fim do capitalismo e reverenciar os processos civilizatórios dos povos tradicionais os promovendo-nos como protagonistas da reconstrução dos processos políticos no mundo.
Não desenvolvimento ou preservação, não existe melhoras para o capitalismo, necessitamos interpenetrar com a natureza para tanto só os povos tradicionais detêm estes valores, são estes o da circularidade da coletividade e do respeito ao indivíduo.
Coletivo não são os seres humanos, mas todo o cosmo, toda a natureza.
Em quanto não garantimos a territorialização destes povos, de forma integral onde todos os sistemas públicos se correlacionem e carreguem os princípios destes povos e que permitam o acesso e protagonismo dos povos tradicionais em suas instancias.

2)     Agendas, campanhas e mobilizações que unificam o processo da luta anticapitalista após a Rio +20.
No enfrentamento ao capitalismo só a radicalidade, disciplina e coletividade são armas que o atinge para tanto os povos tradicionais de matriz África vem garantindo a manutenção do meio e hoje se faz necessário correlacionarmos nossas ações através da manutenção constate da mobilização, comunicação e convergência.

3.            Garantir como Ferramenta de Controle Social a Criação em regime de urgência um Grupo de Trabalho Interministerial, composto por Representantes da Comissão Nacional de Povos Tradicionais de Terreiro, contemplando as cinco Regiões do País e Distrito Federal, para o planejamento e acompanhamento das políticas públicas referentes às Comunidades Tradicionais de Terreiro, tendo como referência o Artigo 5º da Constituição deste País, nos seus Incisos de 1 a 7, que garantem a liberdade de credo, culto e liturgia, assim como a laicidade do Estado Brasileiro:

Dentro deste contexto estabelecemos algumas diretrizes norteadoras da conjuntura do Povo de Terreiro:

1.            Combater as intolerâncias, garantir a liberdade de expressão, exercer a democracia no direito da fé de todos os povos, respeitarem as manifestações religiosas e suas tradições, contribuem para o desenvolvimento de todas as nações.

2.            Ampliar o acesso à alimentação adequada e saudável, articulando gastos públicos, com aquisição de alimentos da agricultura familiar dos povos e comunidades tradicionais, quilombolas.

3.            Eleger a Educação e Cultura, como fator determinante da Segurança Alimentar como instrumento de transformação para a sociedade.

4.            Fomentar a saúde e nutrição com a integração a serviços relacionados.

5.            Enfrentar as desigualdades socioeconômicas, étnico raciais e gênero na condição de saúde, em quanto qualidade de vida e não somente com a ausência da doença.

6.            Alimentação e nutrição como mote norteador ao acesso ás políticas de Segurança Alimentar e Nutricional fortalecendo com ampla participação o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, na erradicação da pobreza extrema.

7.            Produzir mecanismos de formação permanente para o conhecimento de suas culturas, afirmando a auto-organização dos Povos Tradicionais com seus costumes e modo de viver próprio, sinalizando um novo modelo civilizatório.

8.            Discutir que, como os indígenas, estes povos tradicionais sobrevivem e lutam pela conservação de seus ambientes, enquanto mantenedores da natureza somados ao seu lado místico, no cuidado com matas, mares, rios, cascatas, pedreiras e outros; ecologista com seu saber natural e ancestral, através da oralidade, que se somado ao saber tecnológico contribui para a prevenção e conservação do ambiente da humanidade.

9.            Garantir a moradia na modernidade como espaço de auto-sustentabilidade considerando para seu modo de vida permanente de geração em geração.

10.         Desenvolvimento é discutir territórios, saneamento básico, mobilidade urbana, sustentabilidade está dentro do território.

11.         Combate ao racismo ambiental e institucional que se faz presente nas mais diversas esferas governamentais, permitindo desta forma a inserção dos Povos Tradicionais em programas de assentamento rural e urbano, assim como nos em terras desapropriadas que sejam objeto de reforma agrária, com a implementação de cotas de participação destas comunidades em programas que tratem do ordenamento territorial;

12.         Fomentar parcerias com Povos tradicionais em programas de preservação ambiental, produção de alimentos orgânicos e projetos de produção sustentável, com destinação de áreas rurais para produção dos alimentos além da criação de animais.

13.         Instituir uma política de Garantia para regularização, proteção e respeito aos Territórios Sagrados (casas, terreiros, rios, matas, encruzas, mangues,, florestas, praias, etc.), lugares de templos de expressão da religiosidade do Povo de Matriz Africana e de Terreiro, determinantes para a sustentabilidade física, ambiental e ecológica dos direitos dos Povos.

  A Rio+20 com o diálogo Desenvolvimento Sustentável ergue nossas bandeiras de luta. Uma análise de conjuntura de cotidiano real do povo de terreiros, com os avanços já conquistados impõe uma avaliação profunda nas proposições do coletivo que está intrínseca no Desenvolvimento Sustentável de ¼ da população brasileira que se auto indica Povo de Terreiro.

Território Étnico para o Povo de Terreiro e Matriz Africana é Prioridade!
Um mundo com tolerância é possível, com respeito, igualdade e justiça social.


MARCOS LEGAIS:
Convenção 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais - 2003
Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões
Culturais - UNESCO/2005
Portaria nº 28 de 12 de agosto de 2011, Publicada no DOU de 16/08/11:
Cria a Comissão de Organização da Oficina de Elaboração de Políticas
Públicas de Cultura para Povos Tradicionais de Terreiros; Alterada pela.
Portaria nº 51 de 11 de novembro de 2011
Decreto 6040, de 07 de fevereiro de 2007.
I e II Conferência Nacional de Cultura – 2005 e 2010
Plano Nacional de Cultura – 2010
Plano Setorial de Culturas Populares - 2010
Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial.
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) - 2010
Metas do Plano Nacional de Cultura – 2011
II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CONAPIR

4ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

quarta-feira, 2 de abril de 2014

DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS: DIREITOS HUMANOS E SUJEITOS COLETIVOS DE DIREITO

DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS: DIREITOS HUMANOS E SUJEITOS COLETIVOS DE DIREITO

 A Constituição Federal (1988) expressa direitos individuais e metaindividuais, reconhecendo sujeitos coletivos de direito (comunidades indígenas e remanescentes de quilombo, povos de santo, pescadores artesanais e marisqueiras, fundo de pasto, geraiszeiros, quebradoras de coco-babaçu, seringueiros) e incorporando direitos humanos, relativos à diversidade étnica, direitos culturais, ao meio ambiente, a territorialidade, a autonomia, a livre determinação, além dos direitos fundamentais, como educação, saúde, moradia, alimentação.  As conquistas garantidas no sistema legal foram resultado da luta e afirmação das comunidades, historicamente marginalizadas no acesso à cidadania.
No dizer de Boaventura de Sousa Santos existe um processo de reconhecimento de novos direitos que vêm sendo garantidos em “sistemas jurídicos constitucionais, antes fechados ao reconhecimento da pluriculturalidade e multietnicidade, foram reconhecendo, um a um (…) uma variada formação étnica e cultural” (2003:93).
O novo sujeito histórico coletivo articula-se nas exigências de dignidade, de participação, de satisfação “mais justa e igualitária das necessidades humanas fundamentais de grandes parcelas sociais excluídas, dominadas e exploradas da sociedade” (Wolkmer, 2005: 104). Por sua vez,  “a história do povo revela que há diversidades raciais que são criadas e recriadas no interior das desigualdades sociais (Ianni, 2004:07).
No fazer-acontecer da norma constitucional políticas sociais diferenciadas com participação das comunidades têm sido elaboradas e os governos federais e estaduais têm institucionalizado estruturas administrativas de Estado, como Ministérios, Secretarias e instâncias colegiadas, como a Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (Decreto de 24 de dezembro de 2004, Decreto 13 de julho de 2006 e Decreto 6040, de 07 de fevereiro de 2007).
Portanto, a partir de 2007, com a estruturação da política nacional de povos e comunidades tradicionais, uma diversidade de grupos étnico-raciais sai de uma nítida invisibilidade institucional.  Tal invisibilidade se refletia “pela ausência de instância do poder público responsáveis pela articulação e implementação de políticas para esses povos e comunidades” (Silva:2007:07). A própria conceituação normativa dessas comunidades é estabelecida, como sendo:
“Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição” (Decreto 6040, de 07 de fevereiro de 2007, art. 3, I).
Os povos e comunidades tradicionais têm construído ao longo de gerações sistemas sustentáveis de exploração dos bens ambientais, adaptados às condições ecológicas e baseada em saberes que respeitam a diversidade biológica, explicitam harmonia com a natureza e efetivam culturas de subsistência.
Por sua vez, existem demandas por direitos das comunidades tradicionais ainda não plenamente realizadas, quer por déficits históricos, pela falta de interesses das elites e falta de preparo estatal para atendimento dos pleitos, pela ausência de formação jurídica específica de profissionais egressos dos cursos jurídicos, pelo tempo dispendido nos processos de reconhecimento e titulação de terras, por dificuldades de mediação dos conflitos existentes, inclusive pela inserção de temas atuais, como o racismo institucional, ambiental e a intolerância religiosa. Em verdade existe “a necessidade de construir a perspectiva de um sistema democrático que incorpore a noção de diversidade de classe e de raça” (Rocha & Santana Filho, 2008: 39). Atualmente os povos e comunidades tradicionais sofrem pressão intensa para conquista dos seus territórios, a exemplo dos povosGuarani-kaiowa e dos kaiapós.